Tem sido bem mais complicado reativar este espaço do que eu imaginava... tempo de qualidade é algo escasso e pequenas sobras já vem com a preguiça pendurada.
O fato de que o povo deve estar sempre ocupado com algum assunto pra não pensar na própria desgraça parece se confirmar a cada dia. Afinal, nos últimos tempos nosso modo brasileiro de viver reclamando tem sido bem alimentado. Certamente nunca tivemos uma crise geral tão abrangente e de tão longa duração como a que ocupa os jornais atualmente - envolve política e políticos, governo e oposição, finanças e confiança. Mais da metade das notícias veiculadas tem alguma ligação com o tema, o novelo segue a cada dia mais enrolado e tem-se a nítida impressão de que todos devem alguma coisa, embora alguns consigam uma melhor explicação. A sede de vingança demonstrada por outros não tem limites, e em nome da transparência pública, pessoas e instituições são atropeladas sem um momento de exitação. o pensamento corrente é o imediatismo e é preocupante saber que a propaganda eleitoreira ainda vem por aí - é difícil imaginar que cobras e lagartos seguem enclausurados até o momento crucial. Caça e caçadores ocupam o mesmo reduto e vendem a imagem de que mais nada se produz em nossas casas legislativas, exceto uma troca de denúncias entre uns e outros, absolvições e condenações (mais daquelas que destas) e a busca incessante por alguma informação que comprometa, entre uma e outra comemoração. Nossos legisladores ocupam-se em julgar, o governo tenta escapar do julgamento e os que deviam julgar preocupam-se com o próprio salário. O cidadão comum é o único que segue com sua própria função, buscando ganhar o necessário a cada dia. Ou seja, de toda a confusão pouco ou nada muda, e face ao tempo e recursos dispendidos, já temos espaço para uma CPI sobre o andamento das outras CPIs. ...