tudoaquilo
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         ano 2
eu

O que pensei...
O que vi...
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Continua sendo pouco...
Ainda não é tudo...
É quase tudo...
Talvez tudoaquilo...



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   quinta-feira, outubro 31, 2002  
Um post madrugueiro, por uma ótima causa...
A vida não é feita de grandes realizações, feitos grandiosos - é feita de momentos, bons momentos. Em passagem por São Paulo, fui brindado por um desses momentos, sendo muito bem recebido por Debby e Raul. A conversa rolou solta, bastante riso e descontração e um jantar muito, muito gostoso. Definitivamente, foi muito bom.
Agradecimentos efusivos, mesmo.
   . as 1:09 AM


   segunda-feira, outubro 28, 2002  
A passagem por Palmas - TO na quinta-feira transcorreu muito bem. A receptividade do pessoal daquelas bandas é sempre muito boa. E não é mais necessário esperar longamente pela travessia para Paraíso - as famosas balsas foram substituídas por uma bonita ponte, que abrevia bastante o tempo gasto nos 8 km de travessia do Rio Tocantins. No entanto, a "espera" não é exclusividade do transporte fluvial...

Salas de embarque são locais bastante interessantes. Naturalmente, só se descobre isso quando uma conexão mal feita, lhe deixa plantado em uma delas por um longo tempo. Esgotadas as atividades rotineiras, inicia-se o exercício da observação... uma vitrine de prepotência e simplicidade, hábitos e condições de vida.
Embora o conceito de tempo perdido seja muito relativo, a soma de minutos e horas dispendidos na observação dos passantes proporciona bons momentos.
Homem, meia idade, passadas lentas, carrega uma grande bolsa. Não parece muito à vontade, mas deve estar adiantado.
A moça de uniforme observa os livros na prateleira. Não consegue disfarçar o nervosismo - senta-se, acomoda todos os pertences, para em seguida apanhá-los novamente e rumar para outra loja.
Um indivíduo passa apressado. Terno de 'griffe', todo certinho, cuidado com os vincos, sem dobras desnecessárias. É parte da geração com falta de tempo, correndo atrás dos sonhos...
Falando de tempo, alguém acaba de passar, correndo, esbaforido, gravata e paletó ao vento... A elegância foi deixada ao pé da escada, derrubada pelo medo de perder o avião.
Agora entendi a razão da conversa animada ao telefone, daquela moça do 'tubinho' listrado... Acabou de ser beijada e saiu abraçada a um sujeito engravatado, sob o olhar severo das amigas que não querem ficar para o próximo vôo.
Um sósia do Pelé (parecido mesmo) ocupa um lugar próximo. A camisa vermelha e um sapato xadrez de branco e preto são impossíveis de passar desapercebidos.
O moleque ocupa o assento ao meu lado. Adolescente, sandálias havaianas, camiseta surrada e umas sacolas plásticas. Deve ser costume familiar - o pai chega logo em seguida, agasalho de moletom roxo desbotado... e sapatos, pra chilique do pessoal da etiqueta.
A senhora toda elegante anuncia sua chegada, momentos antes. É precedida pelo som emitido pelos sapatos, de salto absurdamente alto.
Falando em sapatos, aquele indivíduo deve ter comprado um par apenas para a viagem. A etiqueta enorme na sola de pouco uso, anuncia que ele usa número 41.
Um rosto apavorado, mão presa ao bolso do casaco, olhos fixos no monitor à frente, procurando um vôo... perdido, perdido.
Uau... um buquê de rosas enorme, enche os braços da moça. Deve dar trabalho guardar isso em avião lotado...
Estrangeiros são um caso à parte, inconfundíveis. Branquelos, desbotados, bigode, bermuda, sandálias... e meias. Empurrando aquelas malas plásticas, similares aos donos em peso e tamanho.
A moça dorme, toda torta, em uma cadeira mais a frente. Abraçada à bolsa, esquece as malas e entrega-se sem reservas, aos 'braços de Morfeu'... sono é coisa triste.
O casal de velhinhos arrasta os pés pelo saguão. Olham tudo, conversam muito, também estão adiantados. Bonito isso...
Einstein acabou de passar. Mesmo bigode, mesmo cabelo, a mala surrada das muitas viagens, 'de arrasto'. Deve ter recebido convite para alguma palestra.
Meia dúzia de sacolas do 'Duty Free'... O cara chega do exterior e compra umas bugigangas no aeroporto pra não chegar em casa de mãos vazias.
O 'chaminé ambulante' pegou suas coisas e saiu. O ar deve voltar ao normal em algum tempo. É o vício...
A moça experimenta os óculos de sol, um a um, em frente a um espelho. Constrangida ao sentir-se observada, desiste e vai embora.
Pessoal do comissariado acabou de passar, brilhando, mesmo rosto, mesma côr, mesmo cabelo, todas iguais... Parecem ter saído da mesma fábrica.
O sujeito concentrado no jornal, consulta o relógio e sai apressado. Deve ter se esquecido do horário, empolgado pela leitura.
Um senhor de calça e sapatos brancos deve ser médico... ou pai de santo.
A moça, toda na última moda, carrega um balãozinho da Branca de Neve... o que não se faz para ver o sorriso de uma criança... mesmo que a criança sejamos nós mesmos.
Pra andar carregando um aparato de madeira, com uma garrafa térmica e uma 'cuia' enorme, e com a maior naturalidade do mundo, só pode ser gaúcho. O cara não fica sem chimarrão nem no avião...
As três senhoras retiram as passagens de um envelope pardo... olhos cansados procuram números, no pedaço de papel, nos monitores, ao redor...
O casal permanece abraçado... já faz algum tempo. Ela está grávida. Despedidas são ruins naturalmente, mas algumas são ainda piores. Os olhos dele a seguem, enquanto ela, lágrimas nos olhos, desaparece, engolida pelo portão de embarque.
Roupas de menos, leveza nos tecidos, Nordeste. Casacos e blusas, é o povo do Sul, preocupado com o frio... sempre.
O homem corre, segurando os bolsos da bermuda... a julgar pelo barulho, os bolsos estão cheios de moedas.
Esses dois já deram duas voltas no saguão, empurrando carrinhos abarrotados de malas. Deve ser uma nova modalidade de caminhada, típica dos grandes centros...

E está chegando minha hora... de apreciar a vitrine da vida, de vê-la passar, talvez em breve seja a minha vez de ser vitrine, de também ser observado... é a vida.
   . as 5:20 PM