tudoaquilo
tudoaquilo
         ano 2
eu

O que pensei...
O que vi...
O que senti...
Continua sendo pouco...
Ainda não é tudo...
É quase tudo...
Talvez tudoaquilo...



outros







   sexta-feira, setembro 20, 2002  

Eu, etiqueta

Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produto
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu lençol, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo,
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências,
Costume, hábito, premência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-la por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar ora bizarro
Em língua nacional ou em qualquer língua
(Qualquer principalmente.)
E nisto me comprazo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou – vê-lá – anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender
Em bares, festas, praias, piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
Meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam
E cada gesto, cada olhar,
Cada vinco da roupa.
Sou gravado de forma universal,
Seio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tiram, recolocam,
Objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo de outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa.
Eu sou a coisa, coisamente.

Carlos Drumond de Andrade

   . as 1:52 PM


   quarta-feira, setembro 18, 2002  

Para todo problema complexo existe uma solução clara, simples e errada.

George Bernard Shaw

Ao que parece, governar é um problema complexo. Para os simples mortais que andam longe dos círculos do poder, participar da escolha de um governo pode soar tão complexo quanto. A propósito de possíveis mudanças em breve, da possibilidade de um novo governo, de oposição, eleito pela "vontade suprema do povo" em nosso próximo pleito...

... Sou favorável a esta mudança, por um simples motivo: observar o resultado. Pessoalmente também não aprecio a idéia. Mesmo que otimista por natureza, pra minha cabeça, algumas coisas simplesmente não tem remédio, e isso não depende de poder executivo - apenas.

Os gaúchos fizeram esta escolha na última eleição, quando preferiram Olívio Dutra em lugar de Antonio Brito, porque queriam mudança - e Brito não tinha sido um mau governador - tinha estado na média. Hoje, escuto as mesmas reclamações, os mesmos problemas, e o povo não está mais satisfeito do que estava na época. Existem exceções? Sempre. Favorecidos vão existir em governos de direita, centro ou esquerda.

Assim, penso que é bom a oposição brasileira, não radical, perdida e sem rumo como sempre, sentir de novo o gostinho do poder... e toda a responsabilidade daí advinda. Aí sim, conversamos de novo dentro de um ano. Sinceramente, gostaria muito de estar enganado, mas não alimento esperanças.

Opinião minha, simplesmente: Que Lula vença e governe - e dentro de algum tempo, vamos continuar com um governo pífio, com os mesmos problemas, senão piores, e toda a mesma insatisfação, mas com uma brutal diferença: Vamos ter toda a liberdade para jogar a culpa no governo anterior...
   . as 7:34 PM


   terça-feira, setembro 17, 2002  
Encantado com todos os comentários deixados por estas bandas - todos de pessoas magnânimas, naturalmente - merecem resposta ainda mais pública e notória...

Deby, pra quem ainda não sabe, é madrinha disso aqui... afinal, dela veio o incentivo inicial, mais um ou outro ponta-pé em períodos de baixa.

Marcio, amigão mesmo, valeu a força. Pra se ver como o cara é legal... mudou de trabalho e a gente continua explorando ele mandando trabalho pras horas de folga. E ele faz...

Analu, também moradora das montanhas, e por conseguinte apreciadora do mar e das imagens dele. Ah, e da lua... a propósito tem falado pouco disso ultimamente...

Claudia, (não sei porque, mas gosto desse nome) e uma paixão em comum: Floripa - e estou devendo uma imagem de minhas andanças por lá também, pra colocar aí do lado...

Adriana, que tem sintetizado as mudanças muito bem ultimamente...

E Margarida, Menina de Cristal, Tchela, pessoal que também passou por aqui. Sintam-se em casa...

Valeu pessoal !
   . as 11:54 AM


   segunda-feira, setembro 16, 2002  

pelos caminhos que ando
um dia vai ser
só não sei quando
Leminski

... e dele também:

essa vida é uma viagem
pena eu estar
só de passagem
   . as 5:21 PM