A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem.
A comer sanduíches porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar tarde e a dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos.
A gente se acostuma à poluição, à luz artificial de ligeiro tremor, ao choque que os olhos levam na luz natural, à contaminação da luz natural, à lenta morte dos rios.
E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber.
Vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.
A vida é uma oportunidade, agarre-a;
A vida é uma beleza, admire-a;
A vida é um desafio, enfrente-o;
A vida é um hino, cante-o;
A vida é a vida, defende-a.”
Madre Teresa de Calcutá
... de volta a Curitiba...
A quantidade de trabalho dos últimos dias superou as expectativas... a seleção de imagens (foram mais de 500), a edição, os efeitos e a sincronização das três apresentações com a música levou um bom tempo, e neste caso, foi verdade o "comer e dormir, apenas quando sobra tempo", ... e não sobrou...
Na quinta-feira iniciamos (Marcio e eu) a montagem às 8 horas da manhã, trabalhamos até as 19 horas da sexta-feira, assistimos o programa da noite - a necessidade de sono nos levou pra cama depois de 40 horas de trabalho contínuo...
No sábado recebemos a base vocal para a sincronização (o pessoal terminou a mixagem de madrugada), e trabalhamos no estúdio das 8h45min até as 21h30, hora em que as máquinas foram para o auditório e iniciamos a apresentação. Choveu muito, todo o dia - não vimos nada, mas choveu... Durante todo o tempo, o suporte às necessidades de alimentação, requisitos de equipamento e afins, foram supridas de forma impecável pelo Giovane, o que nos possibilitou concentração total.
Chegou a hora. O desgaste dos dias de trabalho anterior e a falta se sono não fazem efeito - a adrenalina está no sangue (misturada a uma quantidade razoável de Coca Cola...)... São mais de 300 coristas e atividades intensas no palco, baseadas em áudio e imagem que saem de três notebooks na nossa mão... A apresentação foi fantástica, o figurino impecável, e um ou outro "furo" nas imagens foi compensado pela quantidade e diversidade delas, e pela iluminação, também muito boa. Houveram alguns problemas com o som, mas a festa valeu a pena. E existe um bom movimento em andamento "pela repetição" do evento...
Algumas fotografias foram colocadas no site do IACS - programa de sábado, 21h50 Cantata "O Sonhador".
O domingo, sem as preocupações da véspera foi de sossego... apenas assistindo. Um retorno tranqüilo... e a redescoberta do sono...
E tudo volta a normalidade ...